Município inclui vereadores no debate sobre marco do saneamento

Manifestação da Prefeitura quanto à adesão ou não ao formato de regionalização proposto pelo Estado deve ser feita até o final deste mês

15/06/2022 | 08:06:24


Após um ano de estudo e reuniões técnicas sobre a atualização do Marco Regulatório do Saneamento, publicado na Lei Federal 14.026/2020, a Prefeitura e o Sanep dão sequência ao debate sobre os desdobramentos e as implicações da legislação para Pelotas. Nesta terça-feira (14), a prefeita Paula Mascarenhas e a diretora-presidente da autarquia, Michele Alsina, começaram a ampliar a discussão à Câmara de Vereadores – neste primeiro encontro, com os parlamentares da base do governo. Uma agenda com os demais representantes do Legislativo será marcada nos próximos dias. 

Prefeitura e Sanep dão sequência ao debate sobre os desdobramentos e as implicações da legislação para Pelotas - Foto: Rodrigo Chagas

Na reunião, realizada no Paço Municipal, as gestoras apresentaram o panorama dos serviços de água e esgoto – áreas do saneamento que têm o foco da nova lei – e os caminhos pelos quais a autarquia pode seguir considerando as determinações atualizadas. A prefeita assinalou a relevância do debate com os vereadores – apesar de ser uma decisão que cabe exclusivamente ao Executivo – já que as consequências do rumo escolhido recairão sobre toda a sociedade e as próximas gerações.

“Este é um momento muito importante para definirmos o futuro do saneamento de Pelotas e, consequentemente, da vida das pessoas. Nada será decidido agora, mas ampliar o debate e dialogar sobre as alternativas que temos a partir das imposições da lei federal é fundamental para avançarmos e optarmos pelo melhor para a cidade”, afirmou.

A obrigatoriedade de se manifestar quanto à adesão ou não à regionalização, proposta pelo governo estadual na Lei Estadual nº 15.795/2022, até o final do mês, também foi pontuada. De acordo com a prefeita, o único caminho que o município não pode percorrer é o da inação. “Independente da escolha que fizermos, precisaremos lidar com as consequências. Só não podemos optar pela inércia. Acredito que com diálogo, serenidade e maturidade alcançaremos a decisão mais adequada”, complementou Paula.

A diretora-presidente do Sanep ficou encarregada de pontuar as implicações do Novo Marco para o contexto pelotense. Ainda, de detalhar os estudos financeiros e as diferentes modelagens de propostas que possibilitem a Pelotas atingir os índices delimitados pela legislação: 99% da população atendida com água potável e 90% com coleta e tratamento de esgoto até 2033.

A diretora-presidente do Sanep, Michele Alsina, ficou encarregada de pontuar as implicações do Novo Marco para o contexto pelotense - Foto: Rodrigo Chagas

“É importante ressaltar que a manifestação do município não pode se dar de forma subjetiva, ou seja, caso a regionalização não seja a alternativa selecionada, precisamos especificar como pretendemos executar esses indicadores individualmente”, explicou Michele, sinalizando o setor de esgoto como o maior desafio da cidade no que tange à universalização do saneamento. 

Em grande escala

O cenário não é exclusivo a Pelotas. Assim como nas demais cidades brasileiras, a universalização enfrenta como maior adversária a necessidade de investimentos volumosos, à altura da grandiosidade das obras de construção e de manutenção dos sistemas de água e de esgoto. Este desafio, somado ao padrão histórico de baixos investimentos na área em escala nacional, faz com que 100 milhões de brasileiros não tenham viabilizada a coleta de dejetos atualmente. 

Para atingir as metas do Novo Marco dentro do prazo projetado, o Brasil precisaria investir aproximadamente R$ 753 bilhões – cerca de R$ 70 bilhões por ano, sendo que R$ 11 bi é a média de investimento anual do país na área. No caso de Pelotas, a estimativa é de que sejam necessários R$ 480 milhões, o que corresponde a mais de três vezes a receita anual do Sanep.

Estiveram presentes na reunião o vice-prefeito Idemar Barz, a chefe de Gabinete, Kelli Baum, o secretário de Governo e Ações Estratégicas, Fábio Machado, a superintendente administrativa do Sanep, Claudelaine Coelho, equipe de engenheiros da autarquia, o presidente da Câmara Municipal, Marcos Ferreira (sem partido), e os vereadores Anderson Garcia (Podemos), César Brisolara (PSB), Jone Soares (PSDB), Michel Promove (PP), Paulo Coitinho (Cidadania) e Rafael Dutra - Barriga (sem partido).

Entenda

O que a lei federal diz sobre a regionalização?

De acordo com o Novo Marco do Saneamento, cada estado tem a competência para definir as unidades regionais, ou seja, um modelo em que são formados blocos de municípios com o objetivo de planejar, organizar e regular os serviços de água e de esgoto em conjunto.

O que definiu o governo estadual?

Em janeiro, a Lei Estadual nº 15.795/2022 criou as Unidades Regionais de Saneamento Básico (URSB) 1 e 2, com os agrupamentos de municípios previstos pelo Novo Marco Legal. Pelotas está inserida no segundo grupo (a URSB 2), junto a outros 190 cidades gaúchas – entre elas, Porto Alegre e Caxias do Sul.

A regionalização inclui os serviços de coleta de resíduos e de drenagem urbana, atualmente atendidos pelo Sanep?

Não. A lei abrange somente a operacionalização dos serviços de água e de esgoto.

É possível regionalizar apenas o setor de esgoto?

Não. A legislação prevê somente a hipótese de regionalização de ambos setores juntos: água e esgoto.

Qual a principal característica do formato de regionalização?

A tomada de decisões deixa de ser individual de cada cidade e passa a ser da região, trocando a autonomia dos municípios pela obrigação de deliberar resoluções, mesmo que relacionadas apenas à própria cidade, através de votação em colegiado – esta definida pelo “peso” que cada uma terá, estabelecido proporcionalmente a seu porte e população. Cabe ressaltar que, nesta divisão, o Estado detém 40% do peso decisório, restando aos demais municípios compartilharem os 60% restantes. 

Os municípios podem escolher aderir ou não à regionalização?

Sim. No entanto, o Marco estabelece a adesão à regionalização como requisito obrigatório para os municípios estarem aptos a solicitar recursos da União. Na hipótese de não aderirem, ficam impedidos de acessar verbas do governo federal para obras de saneamento.


Tags

sanep, sanep, sanep, saneamento, câmara, prefeitura, legislação, saneamento, câmara, prefeitura, legislação, saneamento, câmara, prefeitura, legislação