O prefeito Fernando Marroni oficializou, na manhã desta terça-feira (20), a ampliação dos convênios do município com nove cooperativas de reciclagem. Os novos termos, assinados no Paço Municipal, preveem a valorização dos profissionais envolvidos no tratamento e destinação final dos resíduos recolhidos pela coleta seletiva. O valor limite das bolsas e custeio das despesas operacionais repassado mensalmente pelo Sanep às unidades passa de R$ 15 mil para R$ 30 mil.

A extensão do vínculo reforça o compromisso assumido pela Prefeitura em desenvolver políticas ambientais sustentáveis, afirmou Marroni. 

“Estamos comprometidos em mudar profundamente o destino dos resíduos sólidos da nossa cidade. As cooperativas representam a oportunidade de fazer esses materiais serem transformados em trabalho e renda para as famílias. Hoje, em torno de 6% de todos os resíduos gerados são reciclados em Pelotas. É muito pouco. Queremos valorizar todo o esforço dos cooperados e avançar em projetos para chegar a uma nova modelagem e ampliar esse índice”, salientou. 

Município ampliou convênios com nove cooperativas de reciclagem. Fotos: Volmer Perez/Secom

Conforme dados do Departamento de Resíduos Sólidos do Sanep, aproximadamente 3,8 mil toneladas de resíduos recicláveis foram recebidos pelas cooperativas em 2024. Segundo o coordenador do setor, Edson Plá Monterosso, o trabalho realizado nas unidades está relacionado ao desenvolvimento ambiental e econômico. “Além de preservar o meio ambiente, o vínculo com as cooperativas evitaram, no último ano, um custo de destino final, incluindo transbordo, transporte e aterro, de aproximadamente R$ 725 mil aos cofres públicos”, destacou. Este ano, 1,3 mil toneladas foram encaminhadas para as entidades no primeiro quadrimestre. 

Os valores mensais recebidos pelas cooperativas, com o passar dos anos, tornaram-se insuficientes para a prestação do serviço, avaliou o diretor-presidente do Sanep, Ellemar Wojahn. Em janeiro deste ano, iniciaram as tratativas para acolhimento das demandas de logística operacional e repactuação dos convênios entre a autarquia e as instituições. 

“É um esforço que estamos fazendo para impulsionar esse trabalho tão importante para o desenvolvimento do município. Ouvimos os anseios dos cooperados durante as diversas rodadas de conversas que tivemos nos últimos meses, avaliamos as possibilidades e, hoje, estamos felizes em concretizar essa ampliação”, disse Wojahn.

Atualmente, sete, das nove instituições, trabalham com os materiais coletados pelo caminhão, além dos Ecopontos e do projeto Adote uma Escola: Cootafra, COOPCVC, Coopkefi, Coopel, Cooperciclaço, Cooreciclo, e Unicoop. As outras duas operacionalizam, em parceria com a autarquia, projetos ambientais do município: a Nova Esperança realiza a reciclagem do óleo de cozinha saturado por meio do projeto Óleo Sustentável, e a Recyclean colocará em funcionamento, nos próximos meses, a Usina de Reciclagem de Garrafas Pet.

Reciclagem como forma de sustentar famílias

No coração da reciclagem em Pelotas residem histórias, contadas com orgulho por quem vive a realidade de transformar resíduos em oportunidades e dedica a sua atividade profissional para tornar a cidade mais limpa e bem-cuidada. É o caso de Jair Moreira, responsável pela Cooperativa de Trabalho de Catadores da Vila Castilho (COOPCVC). O trabalho iniciou em 2009, quando o grupo responsável por coletar materiais no lixão da Castilho fundou a primeira cooperativa de reciclagem do município. Hoje, 16 anos depois, Moreira celebra a profissionalização da atividade e conta com o apoio dos moradores para crescer ainda mais.

“Éramos considerados catadores e, agora, somos recicladores. Fizemos cursos, evoluímos. Gostamos do que fazemos. Se a população nos ajudar na coleta, fazendo a separação correta, Pelotas vai ser outra cidade, muito mais limpa. Muitas famílias serão ajudadas. Essa participação é fundamental”, disse.

Quem também possui mais de uma década de vida dedicada à reciclagem é Kelen Fagundes, administradora da União Cooperativa dos Catadores de Resíduos Sólidos (Unicoop). Ela iniciou sua jornada em 2011 e, desde então, a evolução foi gradual e coletiva. 

“Ninguém faz nada sozinha. Hoje, somos nove e estamos alcançando os nossos objetivos em conjunto. Essa recepção para nós, cooperados e famílias, foi muito especial. Esse reconhecimento diz tudo. Nós sempre queremos mais, porque quanto maior for a participação da população, mais terão oportunidades para todos e mais cuidaremos do meio ambiente”, comentou Kelen.

Kelen possui 15 anos de dedicação à reciclagem no município.

A coleta seletiva é acessível a 100% da população da zona urbana, na modalidade porta a porta. Para colaborar com a reciclagem no município, basta separar os resíduos e colocar na calçada, em frente à residência, próximo ao horário de passagem do caminhão. O mapa com os dias e turnos de todas as modalidades de coleta está disponível no site do Sanep, na aba “Resíduos Sólidos”.

Confira os endereços de cada cooperativa de reciclagem

- Cooperativa de Trabalho dos Agentes Ambientais do Fraget (Cootafra) - rua Carlos Andrade, 260;

- Cooperativa de Trabalho de Catadores da Vila Castilho (COOPCVC) – rua Dr. Amarante, 1394/1404;

- Cooperativa Pelotense de Prestação de Serviços e Ação Social (COOPEL) – rua Ulisses Guimarães, 788;

- Cooperativa de Trabalho e Reciclagem (COORECICLO) - avenida Pinheiro Machado, 2112;

- União Cooperativa dos Catadores de Resíduos Sólidos (UNICOOP) - avenida Imperador Dom Pedro I, 1776;

- Cooperativa de Trabalho da Vila Governaço (COOPERCICLAÇO) – BR-392, no Distrito Industrial;

- Cooperativa Coop Kefi — rua Carlos Alberto Brod, 7;

- Cooperativa Nova Esperança — rua Siqueira Campos, 170;

- Cooperativa de Trabalho e Logística Ambiental Recyclean — rua Saturnino de Brito, 461 A.